terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Organizando II

Estava alimentada, pronta para tudo, mas não iniciaria um ataque ao tal Armando, precisava dele. Estranho precisar de alguém.
Cheguei ao endereço que vi na cabeça de minha ultima refeição, à frente uma porta blindada e duas câmeras. Calmamente toquei o interfone, nada. Olhei firmemente para uma das câmeras e insisti com meu dedo, senti duas pessoas atrás da porta. Após alguns minutos de insistência atenderam.
-O que quer aqui?
-Falar com Armando.
-Não tem ninguém aqui com esse nome!
Novamente insisti na campainha.
-Gostaria muitíssimo de falar com o Armando!Podia sentir o desconforto que minha presença causava naqueles dois homens atrás da porta, e também senti que Armando estava lá, protegido por eles e mais três homens no piso superior.
Então uma outra voz, talvez o próprio, respondeu:
-Da parte de quem?
-Minha!-Ouvi uma gargalhada
-E sobre o que se trata?
-Digo quando subir e, por favor, já estou fincando impaciente...
-Seu nome?
-Sarah.
-Não conheço!
-Tenho um negócio para propor, - ouvi outra gargalhada.
-Me desculpe moça, mas não vamos abrir!
-Bom, eu tentei da forma mais simples! Estou entrando...
Cortaram a conversação.
Bom, hora de impressionar, pensei.
Afastei-me até o outro lado da rua para pegar impulso, conseguiria arrombar a porta blindada? Olhei para a câmera mais uma vez e sorri imaginando o que estariam pensando, só tentando! Descalcei meus saltos lancei meu corpo contra a barreira, pensando na teatralidade de minha ação. Bati firmemente com meus dois pés ao mesmo tempo, jogando toda a força de meu corpo no centro da chapa de aço. A brutalidade do impacto dobrou a porta e a arremessou no meio da escada, o estampido ecoou pela noite.
Voltei ao outro lado da calçada e recoloquei delicadamente o sapato em meus pés levemente feridos porém rapidamente cicatrizando. Voltei ao lugar do impacto e percebi dois corpos sem vida sob a porta retorcida. Eu exagerei, e imediatamente me lembrei de Heiko, eu realmente não sabia de que era capaz, esmagara os dois homens que antes estavam atrás da porta, que desperdício, pensei, tentando afastar de minha cabeça o incomodo que suas mortes me causavam, era diferente de matar para me alimentar, mas... adiante!
Comecei a subir os degraus arrumando minha camisa de seda nos punhos, ajustando minha gola... um terceiro segurança assustado desceu armado com um objeto que me pareceu uma metralhadora, em cadência com seu tremor, corri escada a cima e o agarrei, jogando sua metralhadora ou o que quer que aquela arma fosse, escada abaixo. Segurei bem forte seus cabelos e com ele continuei subindo os degraus, o homem inutilmente se debatia e tentava livrar meus dedos de sua cabeça.
-Acalme-se ou será escalpelado! Disse ao chegar da frente da porta que lacrava o primeiro pavimento, esta bem mais frágil de madeira. Apenas falei alto – não me irritem mais e abram essa porta agora!
Ouvi passos apressados vindo em direção à porta e pude ler os pensamentos de quem estava atrás, percebi então que tinha sido suficientemente convincente, agora seria mais fácil conseguir o que queria.
Abriram a porta, outro capanga aterrorizado, aproveitei para soltar o que estava preso por meus dedos a seus pés. A sala se parecia com o escritório de um advogadozinho de porta de cadeia, Armando, que pude facilmente identificar por suas inúmeras correntes de ouro estava sentado atrás de uma mesa de fórmica, provavelmente segurando uma arma pontada pra mim, podia ouvir o metal balançando em suas mãos trêmulas.

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